À época da chegada de Cabral à América do sul (22/04/1500), as potencias européias dedicavam-se firmemente ao comércio, e Portugal não agia de forma diferente. A viagem de Vasco da gama às Índias, em 1498, finalmente abriu aos portugueses as portas do cobiçado comércio de especiarias do Oriente. Mesmo antes disso, o governo português havia criado, em 1444,a Companhia do Lagos (conhecida como Casa da Guiné) com o objetivo de explorar o comércio de escravos e de produtos da costa africana, como o ouro, o marfim, e peles de animais.
As ilhas do Atlântico também começaram a ser exploradas ainda no século XV. Na ilha da Madeira, iniciou-se o cultivo da cana-de-açúcar; nos Açores, produziam-se trigo, vinho e açúcar, além de gado. Foi nesse quadro de comércio próspero que o rei de Portugal conquistou as terras americanas que lhe cabiam segundo o tratado de Tordesilhas. Mas essas terras, num primeiro momento, não ofereceram as mesmas vantagens encontradas pelos espanhóis na sua porção americana, ou seja, a grande quantidade de metais preciosos.
Em 1501, a Coroa portuguesa enviou uma frota, comandada por Gonçalo Coelho para efetuar um reconhecimento das terras encontradas por Cabral no ano anterior. Veio junto o geógrafo e navegador florentino Américo Vespúcio, que teve a oportunidade de mostrar que as terras encontradas por Colombo e Cabral eram contínuas e constituíam um novo continente. Contudo, Gonçalo Coelho retornou a Portugal sem ter encontrado qualquer sinal da existência de metais preciosos. Ele ainda voltaria com outra expedição, algum tempo depois.
Apesar do desinteresse em ocupar as terras do atual litoral brasileiro, a Coroa e a burguesia de Portugal estavam interessadas na exploração de qualquer produto que pudesse dar lucro. Portanto nos primeiros trinta anos, após a chegada de Cabral, a principal riqueza levada do Brasil para a Europa foi o pau-brasil.
O pau-brasil aparecia numa grande extensão do litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, e foi carregado em grande quantidade para Europa por comerciantes portugueses. Ao se dar conta de que ficava de fora dos lucros desse comércio, o rei de Portugal estabeleceu o monopólio, ou estanco, do pau-brasil. Isso significava que somente pessoas autorizadas por eles podiam explorar a madeira. O primeiro português a receber autorização do rei para a extração oficial foi Fernando de Noronha.
A fim de organizar a extração, o governo fundou feitorias, que eram uma combinação de fortaleza militar e entreposto comercial, geralmente em portos naturais e que se constituíram na primeira forma de estabelecimento permanente dos portugueses na colônia.
A exploração da madeira que deu o nome ao nosso país foi realizada pensando-se nos lucros da burguesia e da Coroa de Portugal, sem nenhuma preocupação com os danos causados ao meio ambiente colonial, o que resultou em grave devastação nas matas mais próxima do litoral e na quase total extinção do pau-brasil.
Embora o governo e os comerciantes portugueses não vissem o Brasil como prioridade econômica naquele momento, todo esse avanço estrangeiro causou preocupação, o que levou a Coroa a organizar expedições, chamadas de expedições guarda-costas, cujo objetivo era policiar a costa brasileira a fim de impedir o escoamento da riqueza que os portugueses entendiam que lhes pertencia. Foram organizadas duas expedições guarda-costas, ambas comandadas por Cristovam Jacques: a primeira patrulhou o litoral de 1516 a 1519, e a segunda, de 1526 a 1528. Os conflitos com os franceses foram freqüentes, e os piratas capturados eram tratados com extrema crueldade. Apesar da violência, as expedições fracassaram, por causa da extensão do litoral a ser patrulhado e dos poucos recursos que Portugal disponibilizou para essa tarefa. A saída encontrada para solucionar esses problemas foi a colonização do Brasil.
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